terça-feira, 15 de março de 2011

O mito do Sol

O sol é sem dúvida importante pra caralho para a vida. Ele aquece, ilumina, traz a esperança de mais um dia. Erradica completamente o frio e a escuridão da noite.
O dia e a noite, o claro e o escuro, o quente e o frio. O bem e o mal.
O antigos perceberam essa ambiguidade e o poder do Sol em trazer vida. Plantas só crescem com luz do sol e etc. E assim começaram a adorar o sol, que eles não entendiam como entendemos hoje, uma estrela, uma bola de fogo que fica no centro do sistema solar e os planetas giram a sua órbita.
Não, eles não tinham telescópios pra observar isso. Então com toda a sua ingenuidade e criatividade, os homens antigos deram nome e histórias ao Deus Sol, o Deus que renasce todas as manhãs trazendo luz e calor, trazendo vida e destruindo o mal, a noite.
Até hoje a maioria das pessoas acredita em um deus. O Deus imponente como o Sol, forte, luminoso, que habita os céus. E aí eu me vejo novamente deprimido com o mundo e as pessoas, por serem ingênuas, burras. A evolução tecnológica e tudo mais só emburreceu as pessoas. Em vez de buscar conhecimento, elas se tornaram escravas das próprias criações, como a religião, o celular, a política.
Então continuem adorando o seu sol, e eu fico aqui, ateu e sem câncer de pele.
É.

Reabilitação

Acabei de publicar esse post abaixo, daí percebi uns anúncios grátis, daqueles do google, bem aqui do lado. Sobre clinicas de reabilitação. Não entendo, parece que a internet está vigiando nossas idéias, quando a gente expressa aqui. E oferecem algo, querem vender algo. No orkut apareciam anúncios pra comprar camisas das bandas que eu gosto. Não sei como o google faz isso, mas deve ser como um big brother. Ele deve observar minhas postagens e rapidamente me organiza uns anúncios que ele acha que vou me interessar.
Clinicas de reabilitação. Isso realmente não me interessa. Eu posso até precisar, mas não sou um viciado. Preciso me reabilitar como pessoa responsável, saudável e feliz? Não. Não quero isso não, Google.
Quem precisa se reabilitar e largar as drogas, são aquelas pessoas que fumam crack na rodoviária. São realmente viciados e estão nas últimas.

Bom, talvez eles nem precisem também. Quem precisa se reabilitar, se refazer e melhorar é a sociedade.
Sempre querendo fazer com que as pessoas sejam do jeito que ela quer. Responsável, sorridente.. e é claro, "saudável". Perceba as aspas. Se comer mcdonalds, beber coca-cola, assistir tv, andar de carro, mascar chicletes e ficar sentado o dia todo é saudável, prefiro ser um drogado mesmo.

Solidão

Olho a minha volta e vejo que todos já são de um outro alguém, já são completos. Eu continuo só, comigo mesmo, na beira do precipicio do meu vazio próprio. Escolhi isso?
Não sei. Na verdade não sei mesmo.

Mas um pouco de café e cigarros, uma bebida forte e uma maconha podem me ajudar a esquecer isso. Desejo morrer todos os dias e isso acontece lentamente enquanto me perco em mim mesmo.
E eu realmente não sei se escolhi isso.

Sim, tenho amigos. Posso contá-los nos dedos e isso é bom. Não sei como lidar com muita gente, me sinto estranho. E entre eles posso ser simplesmente eu mesmo, com todo o preço da minha solidão e tristeza. Mas sei que mesmo estando incompleto, não sou o único. E isso me faz renascer todas as vezes que morro.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Cagando

Meus melhores pensamentos vem quando eu tô cagando. Sento na privada fria, com as calças lá em baixo e enquanto o tolete desliza suave, minha mente se perde nos mais aleatórios pensamentos. As vezes eu fico observando o chão do banheiro mesmo, e quase dá pra ver meu reflexo no azulejo bege. As vezes fico escutando o chuveiro gotejar, incessante e lento. 
Outras vezes eu fico só escutando as pessoas conversarem na sala ou no quarto ao lado do banheiro. E eu sempre me sinto bem pra pensar qualquer coisa na privada. Em um lugar pequeno, totalmente sozinho, sem cueca e relaxado, me sinto ótimo pra viajar nas idéias, deixar fluir meus pensamentos livremente, calmo. E eu acabo analisando minuciosamente meu reflexo no azulejo, as gotas no chuveiro e a conversa das pessoas.
E fico tão distraído que até esqueço que já tinha terminado de cagar faz tempo.

Moldando máscaras de argila

Moldando máscaras de argila, todos os dias.
Fico feliz em ver minha criatividade fluindo.

Moldando máscaras de argila, mais um dia.
Está chovendo e eu não posso sair, a máscara se desmancharia toda.

Moldando máscaras de argila, nos fins de semana.
Uso a mais bonita das máscaras, a mais singela.

Moldando máscaras de argila, para os outros.
Me pedem silenciosamente uma máscara que ainda não sei como fazer.

Moldando máscaras de argila, para mim mesmo.
Estou cansado de fazer tão frágeis e inúteis objetos.

Moldando máscaras de argila, pra viver.
Meu rosto é feio demais, então é melhor eu continuar moldando.

Expresso

Eu peguei o expresso, mesmo ainda sendo cedo. O ronco da sua chegada me despertou da distração de olhar pros trilhos. Entrei e permaneci em pé, enquanto as pessoas, apressadas, tentavam se sentar ou se acomodar nos cantos.
Eu dava “licença” a todos que pediam, que cuspiam essa palavra como que por obrigação, porque o que queriam mesmo era pisotear a quem tivesse na frente, se permitido fosse.
O trem começou a se mover gradativamente e logo já estava em velocidade total. As luzes passavam rapido demais, decidi não olhar mais pra elas.
Mas para quem ou o que olhar enquanto passavam os curtos 20 minutos de viagem?
As pessoas ao me redor não me eram interessantes. Velhos, policiais, crianças, gordos, pessoas com bicicletas, pessoas rindo, pessoas lendo jornais, deficientes, grávidas..
Era uma variedade de tipos, mas todos pertenciam ao mesmo rebanho. Observei uma velha senhora que estava sentada ao lado de uma mulher um pouco mais jovem, devia ser sua filha. A jovem não tinha paciência alguma com sua mãe, já de idade que permanecia um pouco lerda e alheia aos acontecimentos. E atrás delas, duas crianças inquietas e com as bocas sujas de chocolate perturbavam o sono de seu velho pai, barbudo.
Nessas horas eu me sentia um alienígena, um estranho, um forasteiro. Nada me identificava, nem despertava interesse. As pessoas dentro do trem do metrô, indo para o mesmo lugar que eu, mas para fazer coisas diferentes, pensar coisas diferentes, serem diferentes. Diferentes de mim. Eu ia apenas por não ter mais outro lugar a ir. Ia no expresso que era rápido, mas não tinha pressa. Todos lá tinham.
Tinham casas, familias, empregos, compromissos. Seus horarios eram estourados e suas ideias corriam como as grandes cidades. Seus desejos insaciaveis todas as manhãs de levantar-se rapidamente e viver. Correr, viver. Isso é a vida. Mas não a minha vida. Havia vivido, corrido e desejado pouco ao longo dos anos, mas já me via cansado.
Agitação tal como aquela não me fazia sentido algum. Não me satisfaria, não me preencheria o vazio com toda aquela rotina pesada.
Então desci, desolado em minhas idéias, atravessei a tal linha amarela do metrô e subi as escadas, sem pressa. A pressa que todos ao meu redor tinham.